Sabia que não ia demorar
muito para Isiane Chaves aparecer por aqui trazendo seu texto de cinemeira
honorária. Nossa amiga jornalista é outra que nos acompanha desde do início do
blog e que está sempre disposta a ajudar com comentários, sugestões e dicas de
filmes. Dessa vez, ela mesma escreveu a resenha desse filme nacional baseado
numa história real que, infelizmente, não teve um desfecho muito agradável. Acompanhem
Luz, câmera, revolta! Lema
carregado no coração do personagem Alê monstro vivido por Marcelo Melo Jr,
arrancado ainda bebê dos braços de sua mãe por conta de uma dívida do trafico
em 1983. Rumava para um só alvo: liberdade.
Ingenuidade e esperança foram
sentimentos que travavam uma batalha com a dureza da triste realidade de
Alê. Os seus referenciais eram o
submundo do crime e as drogas. Amor, amizade, lealdade ações estas que o
levaram a acreditar em alcançar um mundo em tela colorida. Sociedade para Alê
representava algo ameaçador e desconhecido que o fazia permanecer na caverna do
esquecimento escura e fria onde a luz tentava entrar, mas o silêncio e
incompreensão da tal sociedade impediam. De personalidade forte Alê gritava aos quatro
cantos do mundo que construía e desconstruía para esquecer. Vítima da violência
urbana se sentia um ser tragado no mar da revolta. Buscava a conquista ao seu
modo esperando o levantar da mão da sociedade.
Abre as cortinas e o espetáculo
começa! Inicia sua trajetória nas calçadas da Candelária, seu lar, onde o teto
era as estrelas, o céu o sol e a lua a sua iluminaria. Caminhava para um
destino desconhecido e incerto passando pela prisão, vivenciando a liberdade
libertina, a decepção de amar e ao reencontro materno. As cortinas se fecham e o seu brilho se apaga
como o por do sol. Á grosso modo clamava justiça aos seus pequeninos irmãos e
compreensão para a sua dor que gritava na alma. O coração de carne aos poucos
se transformava em um trevo seco que a qualquer momento levantaria voo para o
mundo do esquecimento.
Cinemeira Isiane |
A realidade que o filme retrata
ainda existe até hoje. Muitos Alês de hoje travam uma batalha consigo mesmo.
Governo, família e amigos muitas vezes não participam desta luta sem saber por
onde começar. Problemas existem e suas fórmulas também. Quando as formulas não
correspondem aos problemas não há exatidão no resultado, ou seja, não há o
eureca, o enfim encontrei a resposta! O pilar central e relevante na vida do
ser humano em desordem é a família, principalmente a figura materna. O filme
retrata uma cena que levou Alê a morrer com seus sonhos: Voltando para casa
após ficar vagando nas ruas frias e escuras esperava encontrar ajuda de sua mãe
que olha e diz: “não quero saber de filho bandido”. Foi como fogo queimando seu
coração. Mãe, serva e temente a Deus, mas ao mesmo tempo humana falha ao agir
na razão.
Fica a dica para quem ainda
não assistiu dar uma conferida nesse retrato cruel da nossa realidade.
Ai, que triste! E quanto ao não sabermos o que se passa na mente de um criminoso? E quantas pessoas são tragadas para esta dura realidade...
ResponderExcluirForma bastante singela de escrever, hein, Isi!