domingo, 19 de outubro de 2014

Trash - A esperança vem do lixo.


Olá, Cinemeiros! Trago a vocês mais um filme nacional, ainda em cartaz, “Trash, a esperança vem do lixo” traz o diretor inglês Stephen Daldry, que concorreu ao Oscar em 2009, numa trama baseada na obra de Andy Mulligan e roteirizado por Richard Curtis, responsável pelo texto de filmes como “O diário de Bridget Jones” (2001) e “Cavalo de guerra” (2011), além de Martin Sheen, Selton Melo e Wagner Moura.
A história gira em torno do garoto Rafael, que acha uma carteira cheia de dinheiro, códigos e problemas, ao compartilhar com o amigo Dardo, Rafael percebe que pode ser perigoso ficar com a carteira sem saber exatamente o que fazer para tirar proveito financeiro dela, então procura o amigo Rato, que literalmente mora no esgoto, os três garotos então iniciam uma jornada em busca do segredo que a carteira esconde, afinal a polícia está atrás dela e oferecendo recompensa.
A “saga” dos garotos passa por um padre americano, ligado ao trabalho social, um ativista preso até chegar a um deputado corrupto, o mais interessado no que escondia a carteira. Uma participação muito especial é a do ator Leandro Firmino (o Zé Pequeno do filme “Cidade de Deus” quando grande), que fez um jardineiro que no filme esclarece todas as dúvidas de quem, assim como eu, estava assistindo ao filme, numa conversa com Rafael e Rato, o jardineiro revela o motivo da carteira ser tão procurada, também revela que o personagem de Wagner Moura não é o vilão, o que até então ninguém conseguia compreender.
Já que “esperança” faz parte do nome do filme, essa começou a toda, com uma sequência de tirar o fôlego, onde Antônio Ângelo (Wagner Moura) é perseguido pela polícia e se separa da carteira, nessa cena é muito lembrado o ritmo de Cidade de Deus e Tropa de Elite, onde a visão de favela carioca e a truculência da polícia é destacada, principalmente na cena de tortura e morte do personagem do ex-capitão Nascimento. A participação de Nelson Xavier, Martin Sheen e Selton Melo é quase insignificante, pois se eles apareceram como pontos chaves no filme, no decorrer da trama seus personagens se perdem somente restando as figuras dos atores citados em cena. Uma pena. Os garotos ficam responsáveis por salvar o filme, e a função é bem feita, até que o filme precisa acabar, e o que pareceu é que tinham de finalizar de qualquer jeito, e de qualquer jeito o filme foi finalizado.
Porém, ainda indico para ser assistido, as cenas de tensão, são de tensão mesmo, em determinados momentos o cinemeiro se envolve com a estória e pode até esconder o rosto de medo, as cenas fortes no lixão, no presídio, na favela e nos lugares que o filme se propôs a mostrar de fato são fortes, e isso é um ponto positivo à produção. Podem até comparar com os filmes nacionais que citei, não seria injusto, mas “Trash”, ainda é melhor que os filmes do Leandro Hassum, cumpre sua proposta.
Elenco: Rooney Mara, Martin Sheen, Wagner Moura, Rickson Tevez, Eduardo Luis, André Ramiro, Gabriel Weinstein, Stepan Nercessian



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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Anabelle



Spin-off originado do ótimo “Invocação do Mal” de 2013, Anabelle conta a origem da boneca que contem um segredo demoníaco que acaba obsediando todos a sua volta com o principal intuído de sorver suas almas imortais.

O que mais me chamou atenção foi a ambientação da história nos final dos anos 60 para início dos 70, a maior referência disso é a cena em que um casal está vendo na TV a notícia do assassinado da atriz Sharon Tate, que estava grávida e era esposa do diretor Roman Polanski, por Charles Mason e um pequeno grupo de seguidores. Pode ser coincidência ou uma referência para o deleite de nós cinemeiros, pois os cenários e a época me recordaram na hora um dos grandes clássicos do gênero, “O Bebê de Rosemary” dirigido em 68 por Polanski.

O filme se concentra no jovem casa Mia e John, que estão esperando seu primeiro filho. Eles levam uma vida típica americana do final dos anos 60, ela, dona de casa e ele estudante de medicina, vão a igreja todo domingo e conservam amizades em sua pacata e segura vizinhança, vizinhança tão segura que o casal se sente a vontade para deixar a porta destrancada. Mia coleciona bonecas e Jhon lhe presenteia com uma rara boneca de pano com rosto de porcelana, a qual ela desejava já há algum tempo. A história realmente esquenta quando Mia observa pela janela que algo estranho está acontecendo na casa dos vizinhos e John sai para verificar, constatando que os vizinhos foram assassinados John pede para Mia chamar uma ambulância. Ao entrar na casa Mia se depara com um casal, o mesmo que atacou seus visinhos e o homem golpeia sua barriga com uma faca enquanto a mulher segura certa boneca no colo. O casal é socorrido a tempo pela polícia, o homem é morto e a mulher se tranca em um dos quartos da casa e suicida-se com a boneca no colo, o nome da mulher é Anabelle, e participava de uma seita intitulada Adoradores do Carneiro. Estes são os primeiros dos 98 minutos deste filme de terror que tem bons momentos de tensão e rende ótimos sustos para quem gosta do gênero.

O diretor John Leonetti escolheu bem o casal de protagonistas Anabelle Walls, isso mesmo o nome da interprete de Mia é Anabelle mesmo, e Ward Horton como John, eles realmente conseguem passar por um casal recém casado do início dos anos 70, as seqüencias de suspense e os efeitos sonoros garantem bons sustos e algumas cenas chegam a imergir o expectador para dentro estória. Os efeitos visuais são competentes e conseguem dar a acurácea visual necessária para a película. Anabelle é um filme que merece se assistido por quem gosta do gênero, com um ritmo inferior a “Invocação do Mal”, mas que garante belos sustos e com uma boa estória como pano de fundo.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Protetor

Cinemeiros, nesse fim de semana fui ao cinema curtir esse filme chamado “O Protetor”, uma parceria do diretor Antoine Fuqua com o ator Denzel Washington, digo parceria pois os dois já trabalharam em “Dia de Treinamento”, filme responsável pelo Oscar de Melhor ator de Denzel. Fuqua dirigiu, além de “Dia de Treinamento” em 2001, no ano passado o filme “invasão à Casa Branca” com Gerard Butler e Morgan Freeman, em 2007 “O Atirador” com Mark Wahlberg e Danny Glover, em 2004 “Rei Arthur” e em 2003 “Lágrimas do Sol” com Bruce Willys e Mônica Bellucci. Já Washington é um ator consagrado, premiado com Óscares (Melhor ator e Melhor ator coadjuvante com “Tempo de Glória” em 1989), Globos de Ouro (Melhor ator Drama com “Hurricane – o Furacão” de 1999, Melhor ator coadjuvante de cinema com “Tempo de Glória” de 1989), Bafta (Pelo conjunto da obra em 2007) e Ursos de Prata (Melhor ator com “Malcolm X” em 1993 e com “Hurricane – O Furacão” de 1999).
O filme “O Protetor” foi inspirado numa série americana “The Equalizer” (título original do filme), que traduzindo ao pé da letra seria “O equalizador” ou melhor “o resolvedor de problemas” imaginemos, já deu para sacar a linha do filme. Em “The equalize” a série, que foi ao ar de 18 de setembro de 1985 até 24 de agosto de 1989, dividiu-se em quatro temporadas com 22 episódios cada, exibidos pela rede CBS nos Estados Unidos. Na série Robert McCall é um homem misterioso que colocava anuncio em jornais como “Solucionador de Problemas” com número de telefone para que as pessoas necessitadas financeiramente pudessem entrar em contato, a pessoa comunicava o problema e Robert resolvia (investigava ou protegia), e o melhor de tudo, sem cobrar nada. Robert recebia a ajuda de um grupo de ex-colegas da CIA, que apareciam à noite e juntos eles saiam pelas ruas da cidade combatendo o crime, no entanto Robert (na série) enfrentava sérios problemas na família, principalmente com os filhos, que moravam com a mãe. Ele era divorciado. Chamava a atenção na série, além das habilidades de Robert McCall as armas que ele usava e a trilha sonora da série.
Denzel Washington é Robert McCall, uma pessoa pacata que tem vida simples, com seu emprego comum, e o hábito de ler livros que de certa forma divulgam sua personalidade ou a esconde (o filme não deixou claro). É percebido logo nas primeiras cenas, que McCall tem uma espécie de “tic”, ele sempre deixa as coisas postas no seu devido lugar, os objetos não ficam aleatoriamente em algum ponto, ele os deixa em locais significativos, para ele. É notável isso, nas cenas do bar e no seu apartamento. McCall parece ser mais um na multidão, até que percebe coisas erradas acontecendo com sua “amiga de bar” Teri, que demonstra interesse pelos gostos do “homem simples”, fazendo com que ele passe a se importar de certa forma e observe o estilo de vida da agora até então ignorado por ele. Numa dessas noites no bar, Teri apareceu com um lado do rosto marcado por violência, mas poderia ter sido um acidente doméstico, coisas assim são comuns de acontecer, porém após uma longa e divertida conversa com a amiga, McCall a acompanha até sua casa, no caminho eles são interceptados por um carro estranho com pessoas estranhas que levam Teri e deixam McCall só. Até aí, parecia que haveria algum envolvimento do personagem de Denzel Washington com a jovem prostituta (é não mencionei, mas essa era a profissão da jovem). Nas noites seguintes, McCall não teve mais a companhia da amiga, até que soube que ela estava internada na UTI de um hospital da cidade, daí por diante o filme literalmente começa.
A partir daí, McCall que acabou descobrindo o motivo da surra que a moça levou e tomado por um desejo de vingança e justiça, resolve procurar os “patrões”, levado por informações de uma cólera de Teri, que conversou com McCall no hospital, sem saber essa conversa custaria caro à moça. McCall mostra seu talento, quando faz uma proposta ao chefe da moça e este muda os termos, percebendo que a barra era pesada, McCall analisa friamente tudo o que há na sala, os movimentos, os objetos, as possibilidades, enfim, tudo que poderia ajudar ou prejudica-lo numa luta foi analisado, após isso o “homem pacato” saciou seu desejo de vingança e justiça matando todos os barras pesadas presentes na sala, de uma forma que a cúpula maior da organização achou que fosse uma gangue rival ou até as forças armadas que houvera passado por ali.
Lógico que a coisa foi ficando feia para McCall, mas nesse meio tempo, o filme apresentou algumas situações que lembraram a série, como: a mãe de um amigo hispânico seu que fora assaltada e teve sua loja queimada, depois descobriu que policiais corruptos tinham sido o autor do ato criminoso, McCall vai atrás e dar uma surra nos dois, ordenando que eles devolvessem o dinheiro, e a cena bem de série dos anos 80 acontece, no dia seguinte os dois policiais aparecem na loja da mãe do rapaz e devolvem o dinheiro que havia sido extorquido. Outro momento foi num assalto onde McCall trabalha, o assaltante conseguiu levar o dinheiro, pois na análise do protagonista não havia condição de impedir sem pôr em risco a vida de algum inocente, coisas bem Batman. Aliás, na cena dos policiais corruptos, a ação de McCall lembrou muito a do Homem-Morcego, além claro da primeira cena de ação, em que ele usa saca rolhas para matar um dos criminosos, lembrando muito outro herói, McGiver (McGiver não matava eu sei, mas o fato de usar objetos simples e transformar em armas perigosas foi o que lembrou o herói de “Profissão Perigo”).
A organização a qual McCall se meteu tem origem russa, e o filme faz questão de deixar claro que matar e fazer sofrer é a especialidade deles, como se já não bastasse a crueldade com que os chefões espancavam as garotas, ainda o filme mostra uma violenta conversa do enviado de Moscou com os irlandeses, o cara só não matou o chefe dos irlandeses por que ele queria apenas deixar um aviso. Esse aviso foi entendido por que assistia ao filme, violência maior viria por aí, aliás a primeira cena de confronto, em que McCall mata membros da organização russa, é muito violenta. McCall passa a ser perseguido pela organização e aos poucos ficamos sabendo informações sobre a vida do personagem de Denzel Washington, que ele é um ex-agente da Cia, que sua mulher morreu e que ele forjou a própria morte, isso ficou claro na conversa de McCall e sua ex-chefe, que numa espécie de “M”, simbolicamente, dá a ordem para McCall acabar com toda organização Russa e se der tempo com todos os russos do universo. Isso quase aconteceu.
A violência, os detalhes e a trilha sonora são pontos que merecem destaque nesse filme. Sobre a violência já destaquei a primeira cena de embate do protagonista com os cafetões, mas há outras cenas que merecem destaque também, não só pela violência, mas também pela crueldade excessiva. O fato da câmera congelar mostrando possíveis objetos que ajudarão McCall a vencer os oponentes e o fato dele cronometrar suas ações também chama atenção, mas nem sempre ele tirará o tempo, como na cena final por exemplo. A trilha sonora também é uma das melhores, eles fizeram a coisa muito bem feita, principalmente quando McCall aparece do nada, ou nos sons de tiros e explosões, sons de carro de gritos, tudo muito bem definido além dos momentos de tensão e de calmaria, isso com certeza ajudou muito o filme.
Em alguns momentos o filme faz questão de deixar claro que não é só o que está visível, que não se trata apenas de vingar uns tapas que uma amiga levou do cafetão, mas que o sentimento que move Robert McCall é muito maior, que para ele, lutar contra injustiças não é coisa que o incomode, assim como na série dos anos 80, em que o personagem saía pela noite com um grupo misterioso combatendo o crime, neste filme McCall não tem ajuda de grupo algum, mas de pessoas que ele ajudou e que estavam sofrendo injustiças. Muitas questões ficaram no ar, quem é? De onde vem? O que já fez? Por que não tem filhos? Ou tem filhos? Qual a profissão? Coisas simples mas que o filme não responde, no entanto deixam clara a vontade de responder todas essas questões, fazendo com que o cinemeiro deixe a sala de cinema com aquela quase certeza de que uma continuação virá, caso isso não aconteça a culpa será da desídia dos produtores, afinal história tem muito para isso.

Elenco: Denzel Washington
             Chloë Grace Moretz
             Marton Csokas
             Melissa Leo

Direção: Antoine Fuqua



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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Isolados



Caros Cinemeiros, nosso blog tem a feliz tendência de valorizar o cinema nacional e afirmo, sem medo de ser criticado, que nos últimos anos  nosso cinema tem produzido um material excelente, principalmente no que se refere a comédia e filmes de ação, mas confesso que eu estava sentindo falta de um bom suspense, um filme de terror fora da linha do cultuado Zé do Caixão, aquele filme que te faz arrepiar os pêlos da nuca e que você recomenda aos amigos alertando da qualidade dos sustos e da tenção imposta. Bom, ainda não é desta vez que vou laurear um nacional neste gênero, mas acredito que estamos no caminho e só pela iniciativa de explorar o gênero o filme estrelado por Bruno Gagliasso e Regiane Alves, merece ser visto e comentado.

A história, dirigida por Thomas Portela, passa-se na região serrana do Rio de Janeiro, onde Lauro, um psiquiatra, leva sua namorada e paciente Renata, portadora da síndrome de Cotard, que a faz pensar que está morta, para um isolamento em uma casa rústica onde ele espera tratar do mal de sua companheira. Tudo ia bem até o casal ser atacado na floresta por maníacos que tem como objetivo eliminar o casal. Durante o ataque Renata fere a perna e o casal é obrigado a voltar para a isolada casa, onde se trancam e passam a maior parte da história na penumbra, cochichando e temendo uma provável invasão pelos seus perseguidores, participando de uma verdadeira jornada psicodélica, angustiante e, de certa forma, introspectiva.

O filme é baseado em uma boa ideia, que não foi tão bem desenvolvida durante sua narração, em alguns momentos chega a ser cansativo acompanhar a estória, falta ritmo à película que as vezes se perde tentando criar emparia entre os personagens e o espectador, é como se o diretor testasse várias formulas consagradas de fazer suspense no cinema, sem se decidir em qual imergir. Por esse motivo continuo minha espera por um bom filme nacional do gênero, não foi desta vez.